quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Diagnosticando depressão em pacientes internados com doenças hematológicas: prevalência e sintomas associados

Não encontramos estudos avaliando o diagnóstico e a prevalência de depressão em pacientes hematológicos aqui no Brasil. Objetivo: Verificar a prevalência dos sintomas depressivos e quais deles mais se associam à depressão em pacientes internados com doenças hematológicas. Métodos: Num estudo transversal, 104 pacientes consecutivamente internados nos leitos da hematologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC) foram avaliados. Foram preenchidos questionários de variáveis sociodemográficas e de história psiquiátrica. O índice Charlson de comorbidade (IC) foi usado para medir gravidade física. Foi aplicado, também, o inventário Beck de depressão (BDI). Aqueles que tiveram pontuação acima de 9 na soma dos 13 primeiros itens do BDI (BDI-13) foram considerados deprimidos. Também foi verificada a frequência caso fosse utilizada a escala completa com 21 itens (BDI-21), com ponto de corte 16/17. Resultados: As prevalências foram: BDI-13 = 25% e BDI-21 = 32,7%. Após controle para fatores de confusão, os sintomas que permaneceram no modelo da regressão logística, indicando que melhor detectavam os deprimidos, foram sensação de fracasso, anedonia, culpa e fadiga. Conclusão: Cerca de um quarto a um terço dos pacientes internados com doenças hematológicas tinham sintomas depressivos significativos, e os sintomas que melhor os discriminaram foram sensação de fracasso, anedonia, culpa e fadiga.

Evidências sugerem um aumento da frequência de depressão nos pacientes com doenças físicas (de Jonge et al., 2006a). Além disso, indivíduos com sintomas depressivos desenvolvem mais comumente determinadas doenças: diabetes (Golden et al., 2004), hipertensão arterial (Everson et al., 2000) e acidente vascular encefálico (AVE) (Larson et al., 2001). Essa co-morbidade é preocupante porque um paciente clínico deprimido ajuda menos no tratamento (Lin et al., 2004), tem pior controle de sua doença de base (Lustman e Clouse, 2005), pior qualidade de vida (de Jonge et al., 2006b), maior prejuízo funcional (van Gool et al., 2005) e maior mortalidade (Colon et al., 1991; Furlanetto et al., 2000; Rumsfeld et al., 2005). A associação entre sintoma depressivo e doença clínica está bem estabelecida, sobretudo em cardiologia, endocrinologia e neurologia. Contudo existem poucos estudos sobre prevalência e diagnóstico da depressão em pacientes com doenças hematológicas, e não encontramos nenhum artigo com dados sobre a nossa realidade (realizado aqui no Brasil).
Existe ampla variação nas taxas de depressão em pacientes clínicos: de 3% a 75%, dependendo do local de seleção (pacientes internados ou ambulatoriais), do modo de avaliação (definição de caso, instrumento, ponto de corte) ou das características específicas da doença física avaliada (Evans et al., 2005).
Por outro lado, se forem utilizadas escalas que medem sintomas depressivos em geral em pacientes internados, submetidos a diversos tratamentos, com dor e gravemente enfermos, essas taxas serão bem maiores. Outro fator que potencialmente pode levar a diferentes taxas consiste no fato de que sintomas vegetativos e somáticos causados unicamente pela doença de base (p. ex.: fadiga, insônia) podem ser confundidos com sintomas depressivos. Contudo um estudo recente mostrou a validade e a utilidade dos sintomas somáticos como critérios para depressão, mesmo nos pacientes com doenças físicas em geral (Simon e Von Korff, 2006).
Cerca de um quarto a um terço dos pacientes internados com doenças hematológicas apresentaram sintomas depressivos de intensidade moderada a grave. Eles foram mais freqüentes em indivíduos com história prévia de depressão, baixa escolaridade e maior co-morbidade física. Os sintomas que melhor ajudaram a detectar pacientes com síndromes depressivas moderadas a graves foram: sensação de fracasso, anedonia, culpa e fadiga.

São necessários estudos verificando se medidas visando a precocemente detectar e abordar esses sintomas podem contribuir para melhorar a qualidade de vida e o prognóstico desses pacientes.
Leia o Artigo completo aqui!!!!
Referência: http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v55n2/v55n2a01.pdf 31/10/2013 às 21:12min.

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